Por: Tainan Mendes
A
população baiana, em especial do semiárido vem sofrendo nos últimos tempos com
a falta de chuva. A seca é considerada a pior dos últimos 30 anos. A falta de
chuva tem causado uma redução considerável da produção agrícola de diversos
municípios baianos, que acaba afetando em maior ou menor proporção todo o
estado.
Segundo
o governo do Estado da Bahia, mais de 500 mil cabeças de gado já morreram no
semiárido baiano, por consequência da seca. Isso sem falar dos demais animais
que se não morreram, vivem em situações precárias, sofrendo com falta de água e
alimentação.
A
produção agrícola está tão afetada que em algumas regiões, segundo a Federação
dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB, a produção de milho, feijão e
mandioca estão zeradas. Todo esse caos
tem diminuído a mão de obra, consequentemente gerando desempregos que afeta
todos os níveis. Veterinários, zootecnias e produtores também foram afetados.
A
percepção de boa parte população pode ser traduzida pela opinião do estudante
Ricardo Vallari, sobre um aspecto econômico da seca.
“Em períodos de seca a impossibilidade de produção acarreta a estagnação
do capital, por uma questão obvia a região do semiárido, que a mais afetada
pela seca, deixa de comercializar com as outras regiões, já que não tem um
potencial industrial”. Ele enfatiza sua visão sobre a atuação de parte da
classe política nacional:
“Estamos
inseridos em uma realidade corrupta. Existe uma rede de interesses que sustenta
a seca como meio de desviar verbas destinadas a redução dos problemas por ela
causados”.
Em
relação ao milho, o Secretário da Agricultura Eduardo Salles, apresentou uma
ação emergencial e estruturante através do governo do Estado, em parceria com a
Presidência da República que é a captação de 80 mil toneladas de milho para a
Bahia. O milho poderá ser vendido num limite de 6 mil toneladas por produtor e
será disponibilizado pelo valor subsidiado de balcão.
Umas das cidades
baianas mais afetadas pela longa estiagem é Senhor do Bonfim, localizada no
norte do estado. Com a grave situação da região, no dia 08 /03/ 2013, o governo
estadual decretou estado emergencial
(Decreto nº 14.346) em 214 municípios, entre eles, Senhor do Bonfim.
Com as dificuldades
encontradas, a produção agrícola e o comércio sofreram danos irreparáveis, como
afirma Barbara Araújo, estudando e moradora de Senhor do Bonfim:
“Um dos principais impactos foi a produção
de leito. Alguns pecuaristas chegaram e perder cerca de 50% de seu rebanho. A
economia da cidade ficou bastante abalada.”
Com a economia
abalada, a alternativa encontrada pelos comerciantes foi reduzir o número da
mão de obra e elevar o preço dos produtos, diminuindo o poder de compra do
consumidor.
A Administradora de
Empresas, Edilania Borges, explica como a seca pode afetar economicamente uma
região:
"Levando em consideração que é importante que a economia vá bem para que
a saúde financeira da região não seja comprometida, o problema da seca faz com
que a oferta de alimentos seja menor e consequentemente ocorra um aumento do
preço dos alimentos, fazendo com que a inflação da região ultrapasse o
permitido pelo Banco Central que é cerca de 6,5%. Quando há um aumento da inflação todos saem
perdendo, o agricultor que passará a ofertar seus produtos a um preço maior, o
que ocasionará em uma queda no seu faturamento, o consumidor que terá que se
adaptar a nova realidade e terá que abdicar de algumas regalias, e a região que
sofrerá com o desaquecimento da economia do lugar, uma vez que as pessoas
passam a comprar menos devido aos preços elevados.”
Com a economia
enfraquecida, o turismo na região também foi afetado. Conhecida como a
"Capital do forró”, Senhor do Bonfim tem uma das mais tradicionais festas
de são joão da Bahia. A cidade atrai turistas de todo estado nessa época do
ano. Além da festa realizada gratuitamente, pela prefeitura, na praça
municipal, acontece o tradicional e tão esperado “Forro do Sfrega”, evento
privado, realizado num espaço denominado “Vila do Sfrega”. Esse ano a cidade
correu risco de não comemorar a data festiva na praça municipal. O evento não
foi cancelada, entretanto a prefeitura reduziu em 50% o número de dias, além de
reduzir nos mesmos 50% os investimentos
feitos para realização do evento.
A não realização da
festa abalaria ainda mais a economia da região, como explica Edilania Borges:
"Partindo do pressuposto de que a data comemorativa gera renda
para a região, a não realização das
festas juninas traria grandes consequências econômicas uma vez que diminuiria o
fluxo de turistas que provavelmente participaria do evento, fazendo com que a
região tivesse uma queda no faturamento, prejudicando assim a economia da
região."
O balanço das ações emergenciais realizadas pela Secretaria da Casa Civil
em relação a distribuição de alimentos até 13/01/2013 são:
“Dos 260 municípios com emergência
decretada até 07/01/2013:
·
179 receberam e distribuíram 2.000
toneladas de feijão e 1.000 toneladas de arroz.
·
15 municípios receberam e distribuíram
9.630 cestas de alimentos.
·
Pendência: prestação de contas da CORDEC para a CONAB. Será entregue
amanhã (08/01/2013)
·
11 municípios receberam e distribuíram 11
toneladas de frango;
·
194 municípios receberam e distribuíram
129.231 vales-cestas no valor de R$ 65,00 (R$ 8,4 milhões);
·
123 municípios foram beneficiados com a
ampliação de 1.079.000 pratos do Programa Nossa Sopa;
Próximas operações:
·
NOVAS CESTAS: 68 municípios receberão 60 mil cestas de
alimentos (39 com emergência decretada em data posterior a 11/06, 20 do
CONSISAL e 10 do último lote cujas cotas foram incompletas).
·
Suco de laranja:
·
3,5 milhões de litros em embalagem
tetra-pak (1,5 do estoque da CONAB e 2 milhões de litros adquiridos (R$ 5
milhões) dos citricultores do Litoral Norte via PAA formação de estoque.
·
1.200 agricultores familiares do Litoral
Norte da Bahia beneficiados: Rio Real (950), Itapicuru (235) e Inhambupe (50)
vinculados a 07 organizações e cooperativas.
·
45 municípios dos territórios Semiárido
Nordeste II, Sisal e Litoral Norte/Agreste de Alagoinhas (próximos à Estância
–SE) beneficiados.
·
·
Leite UHT (longa vida): 2,4 milhões de
litros para 78 municípios (19 do Programa Leite Fome Zero e os municípios dos
Territórios do Semiárido Nordeste II, Sisal, Irecê e Piemonte da Diamantina).
Serão distribuídos 24 litros por família.
·
EXECUÇÃO CARRO PIPA / CAR – RECURSO FEDERAL MI :R$ 12,8 milhões investidos, com contratação de carros-pipa pela CAR
(Companhia).
·
Leite UHT (longa vida): 2,4 milhões de
litros para 78 municípios (19 do Programa Leite Fome Zero e os municípios dos
Territórios do Semi-árido Nordeste II, Sisal, Irecê e Piemonte da Diamantina).
Serão distribuídos 24 litros por família.”
Com
toda essas mudanças prometidas, a população sonha, no mínimo com a diminuição
do caos.